Pode admitir, a primeira capa é bem mais familiar, não é? |
Pode checar. Segundo o Código, que deveria guiar a postura profissional de todo jornalista brasileiro, “o compromisso fundamental do jornalista é com a verdade no relato dos fatos, deve pautar seu trabalho na precisa apuração dos acontecimentos e na sua correta divulgação”. Ok, tudo muito bonito. Na teoria.
Você conhece aquelas revistas femininas? Aquelas, com chamadas de capa do tipo “Emagreça 10 quilos em uma semana com a dieta da castanha do pantanal” ou “347 dicas para surpreender aquele gato na cama”. Pois é, já reparou como elas estão bem longe de se adequar ao maravilhoso artigo 4º do parágrafo anterior?
Este mês, nas redes sociais, a capa da revista TPM causou certa comoção. Isso porque eles questionavam justamente esse tipo de revista, que faz promessas falsas na cara dura e não é responsabilizada por isso. “Se o Procon lesse as revistas femininas”, afirma Fernando Luna, no editorial da revista, “não sobraria quase nenhuma nas bancas”.
Mas, ora, não são jornalistas que produzem essas revistas? Onde fica, então, o compromisso com a verdade? Esse tipo de jornalismo irresponsável, infelizmente, não fica restrito ao lado feminino das bancas. Já existem no mercado diversas revistas voltadas ao público masculino que seguem o mesmo mau exemplo. O problema com as revistas femininas, porém, é que em uma sociedade patriarcal (que tem no homem a figura mais importante) e sexista (que discrimina as pessoas por seu gênero), oferecer falsas promessas de um corpo perfeito ou uma irresistibilidade na cama é cruel. Quando as promessas não se cumprem, resta à mulher culpar a si mesma pela falha, alimentando um círculo vicioso onde mulheres cada vez mais frustradas compram mais revistas com promessas mais absurdas que nunca se realizarão.
Será que não existe realmente outro assunto interessante para ser abordado em uma revista feminina além da barriguinha chapada ou dos cortes de cabelo em moda no verão? Não se trata de uma caça às bruxas à editoria de moda e beleza, mas sim um questionamento de que, talvez, as mulheres estejam interessadas em algo mais do que ficarem bonitas para uma sociedade que vai sempre encontrar algum defeito. “Pra que mentir?”, questiona a capa de agosto da TPM. De fato, quando a mentira se tornou artifício pra vender revista?
Missão cumprida. Sinta-se à vontade para novos posts. Abordagem muito legal, parabéns e sucesso!!!
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