terça-feira, 19 de novembro de 2013
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Normas ABNT para vaginas (+18)

04:51
O título é uma piada, não existem – pelo menos ainda – normas ABNT que regulem os genitais femininos. Mas existe essa coisa chamada “O Grande Livro Não Escrito do Machismo” (expressão linda que eu vi na Lola ou no Diogo, não lembro qual primeiro), que rege quais são os padrões que uma mulher tem que preencher para que ela seja considerada “boa o suficiente”, dentre outras coisas.

Essa é uma vertente do machismo chamada body shaming.

Como tudo no machismo, isso afeta homens e mulheres, mas naturalmente são as mulheres que sofrem mais, porque é o corpo delas que é considerado propriedade pública nas sociedades machistas.

Recentemente, zapeando canais na TV, eu me deparei com o concurso de Miss Universo. E, de repente, percebi que era incapaz de diferenciar as modelos, por duas razões muito interessantes: primeiro, nenhuma delas tinha características marcantes de seu país (como na edição em que a Miss África do Sul era loira, dos olhos claros); segundo, porque todas elas eram extremamente parecidas.

Antes de tudo, é importante lembrar que o problema não é o corpo dessas modelos. Nem que a Miss África do Sul era loira (afinal, o país foi colonizado por holandeses e eles são, bem, loiros). O problema na verdade é o tipo de seleção feita para que esse resultado apareça. A questão não é a Miss África do Sul ser loira, mas porque ela não pode ser negra. A questão é porque essas mulheres não podem ser gordas, baixas, de olhos e cabelos escuros. Por que elas não podem ser reais?

Outra coisa que me chamou bastante a atenção no tal Miss Universo foi a comentarista. A cada miss que desfilava em trajes de banho, ela comentava sobre sua beleza, seu charme, etc etc etc. Na hora da Miss Venezuela, ela foi automaticamente caraterizada como “sensual” (lógico, afinal essa é característica padrão de todos os latinos, não é?). A Miss Tailândia (ou Indonésia, não lembro bem), foi caracterizada como “beleza exótica”, assim como outras colegas do oriente. Todas as candidatas que não eram de países ocidentais historicamente conhecidos por serem loiros dos olhos claros, eram categorizadas como “exóticas”.

Com que, então, existe uma beleza “certa”?

Mas, enfim, estou desviando um pouco do foco inicial. Dei essa volta toda pra explicar um pouco sobre body shaming. Ele é basicamente isso, impor regras inatingíveis para que o corpo de alguém seja perfeito, para que essa pessoa – normalmente mulher – nunca esteja feliz consigo mesma. Se é gorda, é relaxada; se é magra, é anoréxica; se é loira, é burra; se é negra, é feia; se tem o cabelo liso, é fútil; se tem o cabelo cacheado; tem “cabelo ruim”. Acho que vocês entenderam.

Agora, voltando às vaginas.

Vaginas que existem no mundo real.

Descobri hoje um vídeo do pessoal do Casal Sem Vergonha, um blog que eu até curtia há alguns anos, exatamente sobre isso. Quais os formatos certos que uma vagina tem que ter. Não tive estômago pra ver o vídeo até o final, mas se você tem, boa sorte.

E não, no machismo nem a sua vagina fica em paz. Aliás, especialmente ela será criticada.

Para o nobre rapaz, se você, mulher, não tiver a vagina de determinada maneira, nunca será boa o bastante e terá que compensar em outras características.


Com isso, milhares de meninas e mulheres que ainda não se libertaram dessas pressões sociais se sentem inadequadas, inseguras e tentam de tudo para se encaixar num perfil que não existe no mundo real. Tudo para se sentirem parte do todo, para se sentirem valorizadas, quando o que realmente importa é qualquer outra coisa, menos o formato dos seus grandes lábios.

Em tempo, todos os formatos de vaginas são lindos, assim como todos os corpos, cores, alturas, pesos e medidas. Não existe uma beleza certa, existe a sua beleza. E você não precisa da aprovação de ninguém pra ser linda.

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