terça-feira, 5 de novembro de 2013
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Lei Maria da Penha ainda está longe de proteger as mulheres

08:56

Segundo dados divulgados pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), a violência contra a mulher ainda tem ares de epidemia no Brasil. Apesar de sancionada já há sete anos, a Lei Maria da Penha ainda encontra resistência e praticamente nada mudou, estatisticamente, desde a sua criação. A pesquisa do Instituto mostra, ainda, que as diferenças sociais entre regiões do país ainda são bem acentuadas.

Ainda a região menos social e economicamente desenvolvida do Brasil, o Nordeste concentra o maior número de mortes. A cada 100 mil mulheres, quase sete morrem nos estados nordestinos. O Sul fica em último lugar, com 5,08 óbitos a cada 100 mil mulheres. Paralelamente a esse quadro, o maior índice de violência se concentra na população com baixa escolaridade. Das vítimas com 15 anos ou mais, 48% tinham até oito anos de estudo. Essas mulheres mais jovens também foram as maiores vítimas, 23% dos óbitos foram de mulheres entre 20 e 29 anos.

O racismo, apesar de considerado crime, também pode ser observado nesse estudo. Do número total de vítimas, 61% eram mulheres negras. No Nordeste, esse número salta para 87%, enquanto que no Centro-Oeste, fica em 68%.

O período abrangido pela pesquisa foi de 2009 a 2011 e registrou um total de 16.994 mortes em todo o Brasil. Desse número, 50% foram resultado de agressões com armas de fogo e 29% das ocorrências se deram no domicílio da vítima.

Esses dados revelam que a agressão contra a mulher ainda não é vista como sexismo pela maior parte da população. Ignora-se que, quando uma mulher é morta por um parceiro, está sendo morta simplesmente por ser mulher e, socialmente, ser considerada propriedade de alguém. Em 40% dos homicídios femininos no mundo, o agressor é íntimo da vítima. Já nos homicídios masculinos, esse número cai para 6%.

Todos esses números são só uma parte pequena do problema. A morte é apenas o resultado extremo da violência de gênero que impera no Brasil. Como o atestado de óbito não traz informações mais detalhadas, feminicídios podem passar despercebidos a pesquisas como essa. Sem contar o número enorme de casos que não acabam em morte, mas ainda assim são agressões físicas e psicológicas que deixam marcas para sempre.


Para que a lei possa efetivamente proteger as mulheres brasileiras, é preciso um conjunto de ações. a existência de uma legislação é, sim, muito importante, é um grande avanço, mas junto com ela é preciso existir uma rede de apoio às vítimas, um sistema judiciário preparado para condenar o agressor, uma polícia eficaz e acolhedora e, acima de tudo, a conscientização e a certeza de que o homem que ainda vê a vida da mulher com menor valor será severamente punido.

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